Cada revolução que vivemos até aqui trouxeram mudanças radicais e transformações disruptivas que alteraram o modo de viver e trabalhar das sociedades.
Quando o centro da vida saiu da comunidade agrícola e foi para fábricas, o homem do campo teve que se reinventar.
A chegada da eletricidade e dos sistemas de produção em massa exigiu maior especialização da mão de obra e eficiência operacional. Mais uma vez as pessoas tiveram que mudar a forma como viviam e trabalhavam.
Com o surgimento dos computadores e criação da internet, a transformação digital deu os primeiros passos em direção a uma mudança sem precedentes, criando nova dinâmica nas relações de trabalho e no nosso modo de viver.
Hoje, estamos vivendo nova revolução…
O mundo está em plena ebulição. Rupturas estão sendo causadas em todos os segmentos e mais um vez o estilo de vida e as configurações de trabalho vem ganhando nova roupagem.
Profissões antigas estão morrendo na velocidade da luz enquanto outras que não fazíamos ideia que poderiam existir nascem a todo momento.
O desemprego já atinge 13,4 milhões de brasileiros. E se colocar na conta a classe de trabalhadores subocupados e desalentados os números vão para 28,3 milhões.
Estamos diante de um problema crônico que antes de melhorar, pode piorar ainda mais.
Por quê?
Muitas das principais ocupações ou especialidades de hoje não existiam há cinco anos.
As previsões do Fórum Econômico Mundial sobre o futuro do trabalho é que a tendência é que outras tantas profissões sejam criadas, de modo que em pouco tempo 100% das profissões sofram alterações.
Estudos apontam que 65% das crianças entrando no primário hoje estarão trabalhando em uma função completamente nova no futuro, que não existe atualmente.
Segundo o estudo do Fórum Econômico Mundial: até 2020, haverá uma queda de mais de 7.1 milhões de empregos devidos a mudanças no mercado, destes, ⅔ estarão concentrados em funções de escritório e áreas administrativas.
E mesmo que outros tantos milhões de ocupações sejam criadas, não teremos pessoas capacitadas para ocupá-las: de acordo com o relatório The new work order, 60% dos jovens estão aprendendo profissões que se tornarão obsoletas no futuro.
A verdade é que o modelo de educação ainda forma pessoas para trabalharem em ocupações que remetem a primeira revolução industrial: lineares, repetitivas e em série. O que não atende as demandas do cenário atual: rápido, hiper-conectado, disruptivo.
Talvez você se pergunte: mas e o nosso tão valorizado diploma?
Em um passado não muito distante os diplomas de medicina, engenharia e direito eram o que garantiam sucesso e riqueza, além de encher de orgulho toda família que conseguia formar um filho.
Poucas décadas depois a graduacão se popularizou e muitas outras formações como administração, publicidade, comunicação e outras ganharam seu espaço.
Hoje já se fala da morte do diploma e valorização das Soft skills, principalmente quando grandes e importantes empresas, gigantes da tecnologia do nível de Google, Apple, IBM e outras, passam a não exigir mais diplomas para seu processos seletivos.
Bem-vindo a revolução 4.0, ou quarta revolução industrial.
De acordo com o renomado Dr. Klaus Schwab, autor do livro “The Fourth Industrial Revolution”. Uma revolução industrial é caracterizada pelo aparecimento de novas tecnologias e novas maneiras de perceber o mundo que impulsionam uma mudança profunda na economia e na estrutura das sociedades.
Nesse sentido, para compreender o conceito de indústria 4.0; tecnológico, conectado e informativo, será preciso nos arremeter até o passado e falar das Revoluções Industriais e suas transformações ao longo dos séculos:
A primeira revolução industrial, ou indústria 1.0, teve início na Inglaterra no século XVIII. Fase que foi caracterizada por diversas descobertas que favoreceram a expansão das indústrias, onde a força mecânica e a máquina a vapor contribuíram com a mecanização dos processos, garantindo a expansão das indústrias têxteis, metalúrgica, siderúrgica e dos transportes. O uso do carvão para alimentar as máquinas foi essencial nesse momento.
A segunda revolução industrial, ou indústria 2.0, foi a era da ciência e da produção em massa facilitada pela eletricidade. Aconteceu em meados do século XIX e marcou o industrialismo. Período de expressiva especialização da mão de obra e eficiência operacional, onde o ritmo de fabricação era ditado pelas linhas de produção. Com o advento da produção em massa, foi possível multiplicar as capacidades produtivas, destaque para o setor automobilístico (Modelo “T” – Ford).
A terceira revolução industrial, ou indústria 3.0, provocada pela computação, se deu em meados do século XX, marcando um importante momento histórico de transformação digital/tecnológica. Avanço da ciência, eletrônica, robótica, surgimento dos computadores e da informática, criação da internet, de softwares e de dispositivos móveis. O propulsor do inicio da transformação digital.
Nem toda super tecnologia ou inovação “disruptiva” me impressiona. É preciso muito mais que carros voadores, robôs, clonagem ou outras modernidades pra me causar espanto.
Prepotencia? Não. Longe disso.
É que apesar da pouca idade (amigos com mais liberdade dirão que não é tão pouca assim, mas pra esses dou de ombros) já vi coisas que a galera de gerações mais recentes não viram.
Você já ouviu falar nos Jetson?
George e Jane Jetson, há pelo menos 57 anos, já andavam de carros voadores, faziam videochat, tinham robôs como empregados, viajavam pra lua, eram transportados de tubo a vácuo e tinham jornadas de trabalho reduzida: uma hora por dia; dois dias na semana.
Em 1987 a tevê do tio Silvio (SBT), exibia os episódios de Os Jetsons. Eu era um meninote, mas me recordo da série com encantamento.
Com uma pegada futurística, introduzia no imaginário da maioria das pessoas o que seria o futuro da humanidade: carros voadores, cidades suspensas, trabalho automatizado, toda sorte de aparelhos eletrodomésticos e de entretenimento, robôs como criados, e tudo que dá para se imaginar do futuro.
Por isso, quando alguém me fala de quarta revolução industrial e tempos de tecnologia exponencial, tenho a impressão de já ter vivido tudo isso. Pelo menos na ficção.
E o que é realidade em tempos atuais?
Quase tudo. Carros autônomos já transportam pessoas e fazem entregas. Cidades e fábricas estão cada dia mais ultra conectadas. No Japão já existem hotéis cujos recepcionistas são todos robôs.
Com a Internet das Coisas (“IoT”) já existem roupas conectadas com a Internet. A “magia” da realidade virtual e aumentada nos permitem experiências fabulosas. Através da impressão 3D os estoques estão acabando.
Cada dia mais as relações de trabalho ganham novas conotações e mais um montão de novidades nascem todos os dias.
Fico pensando o que diria Teobaldo, jagunço sagaz, do romance o Grande Sertão Veredas de Guimarães Rosa ao se deparar com esse mundo todo novo. Se naquela época ele já achava que viver era muito perigoso, imagino o que pensaria hoje em dia…
Guardada as proporções devidas, essa é uma revolução como a concebida na era Jetsons. Com a diferença que agora, a coisa saiu do campo da ficção e veio para o real.
Um mundo mais inteligente e conectado é realidade. E está sendo construído e melhorado todos os dias em tempo real.
A Quarta Revolução Industrial é, como descrita pelo Dr. Klaus, um conjunto de transformações caracterizadas pelo aparecimento de novas tecnologias e novas maneiras de perceber o mundo que impulsionam uma mudança profunda na economia e na estrutura da sociedade. Um termo moderno do século XXI que nasce na Alemanha.
Uma tendência à automatização total das fábricas, automatização que pode acontecer através de sistemas ciberfísicos, que são possíveis graças à internet das coisas e à computação na nuvem. Conhecimento e a comunicação caracterizam o novo momento.
A quarta revolução tem o potencial de elevar os níveis globais de rendimento e melhorar a qualidade de vida de populações inteiras e obviamente, o processo de transformação só beneficiará quem for capaz de inovar e se adaptar.
Uma ameaça para profissionais que acreditam que foram ou estarão formados um dia. Ledo engano. Mas é o que faz a escola a mais de 200 anos: colocar em formas milhares de profissionais deixando-os iguaizinhos.
No novo cenário, entre outras coisas, a formação deve ser continuada. As novas geração terão cinco ou sete profissões ao longo da vida, o que fará com que estudar seja algo contínuo.
Ouvimos desde os tempos da vovó que o mundo mudou. Dizer o que mudou é que é tarefa difícil, pois o mundo está em constante mudança e dentro deste fenômeno não nos apercebemos de todas as transformações.
Não estamos passando por uma era de mudanças. Estamos passando por uma mudança de era. E esse não é um mero jogo de palavras.
Como vimos, a história nos divide basicamente em três eras: agrícola, industrial e era da informação (digital). Essa nova mudança de era que estamos atravessando, indo da pós-digital para uma era ainda desconhecida é o nosso maior desafio.
A questão a ser levada em conta é: a velocidade dessa mudança. Basta considerar que toda a tecnologia; a fina tecnologia da humanidade, não tem mais que 50 anos.
E como profetizou o profeta da tecnologia Gordon Moore, nos últimos 15 alcançamos patamares tecnológicos de filmes futuristas.
Em 1965, Moore, cofundador da Intel. Profetizou que a densidade de transistores nos chips usados por computadores (e hoje smartphones) dobra a cada 18 meses.
Isso significa que os transistores (uma espécie de minúsculos interruptores) diminuíam de tamanho e duplicavam em quantidade nos chips, aumentando a capacidade de processamento dos dispositivos e promovendo o avanço de sistemas tecnológicos.
Tem noção da revolução que isso significa? A cada 1,5 anos tudo tende a dobrar de capacidade, rapidez e inteligência.
O futuro é assombroso!
Qual profissional terá sucesso nesse futuro?
No futuro nos tornaremos híbridos, se é que já não somos assim.
Qual foi a última vez que passou 24h a mais de cinco metros do seu celular, tablet ou computador?
Parte de nós ainda é humana e orgânica, mas parte de nós já se tornou máquina. Uma máquina conectada que entra em desespero se fica sem bateria, internet ou se simplesmente esquecemos o celular no carro.
Mas fique tranquilo, logo não precisaremos mais carregar tecnologia, nós a vestiremos: basta dar um Google e vai ver uma infinidade de vídeos.
Uma realidade dessa nova era são as tendências que nortearão as profissões do futuro. Pense comigo: se o regime CLT se extinguisse e todas as ocupações fossem por demanda?
Profissionais liberais poderiam trabalhar para varias empresas ao mesmo tempo.
Grande parte das empresas já atuam em um modelo de prêmio por objetivo entregue. Os salários encolhem e o bônus estica, ou seja, quem entrega mais ganha mais dinheiro.
Com isso, controle de horários e supervisão, são cada vez menos importantes, já que para ganhar tem que ter o comprometimento da entrega.
O profissional do futuro precisará ser um “aprendedor”, flexível, humanizado, cada vez mais resiliente, um verdadeiro camaleão.
Característica desse profissional:
O mudou mudou, está mudando e vai mudar ainda mais.
O que vem por aí?
Podemos conjecturar com base no que vimos até aqui. Mas serão só conjecturas.
Vou me atrever a dar um palpite de qual será o maior diferencial de todo ser humano: SER HUMANO.
Prepare-se para o novo. Para ser novo. Se reinventando e evoluindo enquanto enquanto ser humano para continuar relevante em um mundo totalmente imprevisível.
Até a Próxima.
Achiles Rodrigues